Chimamanda Ngozi Adichie
“É isso que acontece
quando você fica de braços cruzados e não faz nada para impedir a tirania. Seu
filho vira alguém que você não reconhece”
E aí
gente, tudo bem?
Hoje o
post é sobre Hibisco roxo da autora nigeriana premiada Chimamanda Ngozi Adichie,
a primeira vez que ouvi sobre a autora foi no canal da Gisele Eberspächer (https://www.youtube.com/user/GiseleEberspacher)
e aproveitei para conhecer a autora através de um e-book chamado “Sejamos todos
feministas” que a Companhia das letras disponibilizou gratis. Aliás, para você
que assim como eu não tem e-reader ou tablet, você pode usar o seu smartphone
para ler. Para android tem o playlivros, que é um aplicativo muito parecido com
o playstore que é bem interessante e a kindle também disponibiliza um
aplicativo gratis, onde você tem algumas funcionalidades do kindle como
controle do brilho e dicionário e também é possível comprar diretamente da
amazon, eu particularmente gosto bastante.
“Sejamos
todos feministas” que é a transcrição de uma palestra da autora no TED, onde
ela discuti algumas situações do dia-a-dia onde fica claro como o mundo ainda é
sexista e muitas vezes patriarcal.
“Devemos ter raiva. Ao longo
da história, muitas mudanças positivas só aconteceram por causa da raiva. Além
da raiva, também tenho esperança, porque acredito profundamente na capacidade
de os seres humanos evoluírem.”
Depois de lê-lo fiquei muito
curiosa para conhecer a ficção da autora e comecei por esse livro incrivel. Ele
conta a história de uma familia nigeriana ultra conservadora e ultra religiosa.
O pai da familia Eugene é um catolico ultraconservador que educa seus filhos de
maneira rigida e onde liberdade de expressão e demonstrações de carinho não
entram. O pai de Eugene conserva a fé tradicional da Nigeria e Eugene não
permite que ele tenha contato com a familia por se tratar de um pagão. Mas as
coisas se alteram depois que os irmãos Jaja e Kambili vão passar um tempo na
casa da tia Ifeoma.
O livro é dividido em quatro
partes e seus titulos e subtitulos já dão uma amostra do clima do livro: 1)
Quebrando Deuses – Domingo de ramos; 2) Falando com nossos espíritos – antes do
domingo de ramos; 3) Os pedaços de Deuses – Após o domingo de ramos e 4) Um
silencio diferente – o presente.
Todo o livro é contado pela
visão da Kambili que é uma adolescente de 15 anos, porém ela não se comporta
muito como adolescente, ela é mais do que timida, é cerceada, presa dentro dela
mesma e vitimizada pelo ambiente em que ela vive. É interessante você
acompanhar como pouco a pouco ela vai se desenvovendo, libertando e
desaprochando, tal qual, os hibiscos roxos.
“Porque Nsukka pode libertar algo no fundo de sua barriga que sobe até
a garganta da gente e sai sob a forma de uma canção de liberdade. E sob a forma
de riso.”
Cheio de simbolismos: as plantas representando o desabrochar dos filhos,
as estatuas quebradas simbolizando a quebra de um “status quo”, a quebra do
silencio. E as contradições tão presentes Amaka e Kambili, primas, mesma idade
e tão diferentes. Uma tem tudo em termos materiais, mas nada em termos de vida
e alegria e a outra é exatamente o oposto.
Mas o personagem mais contraditório é Eugene, em alguns momentos eu
odiava Eugene com todas as forças e em o outros eu não acreditava que poderia
ser a mesma pessoa. Aquele tirano, que satanizava todo pequeno detalhe que
criou uma ditadura do medo na própria casa, era também o homem admirado pela
sociedade pela generosidade e coragem.
Outro aspecto importante e interessante do livro é a questão do
fanatismo religioso e no Brasil, um país predominantemente cristão e
razoavelmente tolerante, nos causa estranhamento tamanho fanatismo dentro do
catolicismo.
Um
adendo: Na contra capa do livro não tem uma sinopse e sim uma parte do livro,
então traz um pouco de spoiler, geralmente eu não gosto de spoiler, porém da
maneira que foi colocado me instigou muito, porque enquanto eu lia ficava
esperando o momento que aquilo iria acontecer e ficava pensando é agora que vai
dar errado. Foi muito inteligente a escolha da passagem.
Livro incrível, escrita fluida esta super recomendada leitura.
Espero que vocês tenham gostado e até a próxima.
Livro: Hibisco roxo
Autor: Chimamanda Ngozi AdichieEditora: Companhia das letras
Ano: 2011
324 paginas
Dani Moraes
4 comentários:
Olá!
Tô super ansiosa para ler mais coisas da Chimamanda, nem acabei Americanah e já estou apaixonada pela forma como ela escreve.
Já li muitas resenhas positivas sobre Hibisco, mais ansiosa ainda para ler!
Abraços
Melissa
De Coisas por Aí
Oi Melissa,
Eu tb estou super interessanda na Chimamanda, principalmente depois de ler Hibisco roxo.. estou louca para ler Americanah, mas o preço anda bem salgadinho..
Acho que até a lista de supermercado dela deve ser bem escrita.
Abraços
Você escreveu essa resenha com tanta sensibilidade.
Terminei de ler esse livro há poucos dias e ainda estou me recuperando. Também tive meus momentos de choro dentro do ônibus. É impossível não se sensibilizar com a situação da Kambili, não torcer que o padre Amado lhe dê um beijo, não se revoltar com o Eugene e todos seus atos contraditórios.
Enfim, só lendo mesmo para sentir.
Minhas Impressões,
Esse livro realmente me tocou e como não se sentir próxima da Kambili, como não sentir essa angustia, essa falta de alegria, falta de calor, falta de amor, falta justamente daquelas coisas que nos fazem sentir únicos e especiais e até hoje eu tenho vontade de pegar o Eugene pelo braço e simplesmente chacoalhar até por um pouco de lucidez naquela cabeça contraditória.
Muito obrigada pela visita,
Bjus,
Dani Moraes
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