O trabalho liberta: Inscrição no portão de Auschwitz
Oi pessoal, o post de hoje é um
pouco diferente do que eu costumo fazer. Vou falar um pouco sobre uma serie que
eu assisti, mas a serie não é o tema do post.
Eu assisti um documentário da BBC de 2005 em 6 episódios chamado Auschwitz - The nazi and final solution, só o nome dá um
pouco de arrepio, eu assisti no Netflix, sabe
quando eles indicam alguma coisa para você conforme a classificação que você dá
para os filmes, então em algum momento eu passei a impressão para a Netflix que
sou louca por segunda guerra e por contos de fadas porque é basicamente o que
eles me sugerem, mas enfim eu gostei muito dessa sugestão. Pelo que eu
pesquisei aqui rapidinho esse documentário também foi lançado em DVD e se você
ficou interessando também dá para assistir no youtube.
O documentário é muito bem feito
e centrado no campo de concentração mais conhecido e o palco do grande
genocídio da segunda guerra, desde sua criação até a o destino que tiveram
alguns dos prisioneiros e também dos membros da SS que trabalharam no campo.
Toda a história é baseada em documentos oficiais que aos poucos (assim como
acontece com a ditadura brasileira) foram chegando a publico, como cópias de
discursos, atas de reuniões e diários pessoais como do chefe da SS e do
diretor de Auschwitz. O documentário é repleto de depoimentos e a maioria das
histórias foi encenada, o que acaba tornado o documentário mais atraente para
quem vai assistir.
Só para contextualizar Auschwitz
foi criado em 1940 já durante a segunda guerra para ser um campo de
concentração para presos políticos poloneses, aliás, Auschwitz fica na Polônia.
Depois passou a receber os prisioneiros de guerra soviéticos, ciganos,
homossexuais, testemunhas de Jeová, ou seja, minorias, mas principalmente judeus.
No enquanto o que eu gostaria através desse
post não é só indicar um documentário que eu achei particularmente
interessante, mas sim dividir com vocês a sensação que eu tive assistindo. Acho
que o meu interesse por esse assunto foi particularmente desperto nesse momento
devido à situação atual de Gaza e também pela copa do mundo, aonde vimos os
jogadores alemães tão simpáticos e verdadeiros cavaleiros depois de golear o
Brasil.
Pois bem, então me surge uma
pessoa testemunhando que sim, matava os judeus com um tiro bem no meio da testa
e que aquilo não lhe causava arrependimento porque eles mereciam porque eles
foram responsáveis por tudo de ruim que aconteceu com a família dele, e então a
repórter insisti, mas o que aquelas crianças tinham a ver com isso ? E ele
voltar a afirmar eram judeus. Pessoal, vocês têm noção do que é isso? De alguma
forma foi colocado na cabeça dessas pessoas que os judeus tinham uma
conspiração contra a Alemanha e foram responsáveis pela derrota da Alemanha na
primeira guerra e que o mundo só seria melhor sem eles.
E o que me surpreende nem é
alguém formular uma teoria dessas (já vi piores), mas sim ninguém contestar o
absurdo daquilo e todos agirem como se aquilo fosse perfeitamente normal. Um
governo criar um projeto chamado “Solução Final” criando uma forma de
assassinar em massa e o mundo inteiro assistir e pouco ou nada fazer para evitar.
Todo mundo gosta de falar dos 5
minutos de apagão da seleção brasileira na copa do mundo contra os alemães, mas
o que aconteceu com os alemães nesses 5 anos? Blackout ? O que me assusta
em toda essa história é o mesmo que me assusta quando eu leio distopias como
Fahrenheit 451 é que tudo parece provável de acontecer novamente. O que acho
que precisamos fazer é aprender com tudo isso, para o menor sinal que as
intolerâncias vem se tornando grandiosas elas possam ser controladas antes que
surjam novos holocautos por aí.
Fiquei pensando em Gaza e na
maneira que os Israelitas de hoje defendem o seu território com unhas e dentes
e acho que consigo compreendê-los melhor, não que ache certo o que eles estão
fazendo, mas não tem como sofrer algo como o holocausto e não ter sua história
marcada.
Então eu pensei nos alemães,
também não tem como não ficar marcado quando uma sombra tão grande esta sobre o
passado do seu povo. Lembrei de quando li “O leitor” e fiquei impressionada
como a história da segunda guerra ainda parece viva às vezes. Então lembrei da África do Sul e como os
brancos não costumavam falar sobre o apartheid,
com os negros você conseguia conversar sobre essa parte da história recente,
mas com os brancos era diferente.
Ao final, chego à conclusão que
todos perderam e é aquilo que inglês falam “Sweetbitter win” na guerra não tem
vencedores, apenas dor, perda e sofrimento. E enquanto o ser humano não
aprender a respeitar e admirar aquilo ou aquele que lhe parece diferente
sempre estaremos correndo um risco que novos holocaustos possam ocorrer e quem
são as novas vitimas e os algozes nem sempre é tão fácil de determinar.
O que faz a gente ainda ter fé na
vida é que mesmo em meio a esse horror ainda existiam pessoas como o major Karl
Plagge e Albert Battel, homens que faziam parte do partido nazista, mas que
correram riscos para salvar alguns judeus desse terrível destino.
Eu sei que o assunto foi um pouco
pesado, mas como diria Tiffany (O lado bom da vida resenha aqui) “A vida não é
um filme de censura livre”, mas bem que podia ser né....
Dani
Moraes
2 comentários:
Dani, obrigada por compartilhar comigo sua resenha Sobre o documentário. Infelizmente, o homem se esquece ou quer esquecer de momentos macabros e vergonhosos que a humanidade acredita já ter superado, será? Por isso fica claro a repetição dos velhos erros (no caso de Gaza). É inconcebível genocídios como o que ocorreu na Segunda Guerra Mundial acontecerem novamente, não somente porque foram os alemães que começaram. No livro A Menina que roubava Livros têm uma explicação básica e para mim, foi chocante - Hiltler foi um sacudidor de palavras, com as suas palavras e a persuasão nelas contidas levou vários países e pessoas a perseguirem milhões de Judeus, homosexuais, negros e ciganos. Porém, quem disse que isso não acorre hoje nos nossos dias? (não da maneira grandiosa como foi no holocausto, porque sim, foi algo horripilante, famílias inteiras levadas para uma câmera de gás e cremadas à céu aberto). Não podemos fechar nossos olhos. Mesmo toda a veracidade do holocausto não abriu os olhos do mundo para o terror do antissemitismo. Ainda hoje existem pessoas como Hittler buscando bodes expiatórios para justificar seu ódio e amargura pelo mundo a fora. É inconcebível.
Hoje estarei começando a ver o documentário da BBC pela Netflix. Obrigada pela dica.
Um grande beijo
Dani,
Concordo com tudo o que você disse. O problema é não conseguir enxergar o que há de errado nesse tipo de atitude. O pior é pensar que pode surgir um líder carismático e arrastar o mundo para uma situação parecida novamente.
Por isso é importante divulgar o que aconteceu e conhecer a história real, porque quanto maior o número de pessoas que conhecem o horror que foi, menor a chance de se repetir.
Bjus,
Dani Moraes
Postar um comentário