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Direito ao Esquecimento- Caso Xuxa

     Ha um pouco mais de um mês está foto circulou toda a internet, rede sociais e canais de televisão. Acompanhada de um vídeo, de um bate-boca na sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara do dia 21 de maio de 2014, aonde estava sendo discutido a redação final da "Lei da Palmada", rebatizada de “Lei Menino Bernardo”. O bate-boca ocorreu apenas entre o deputado Pastor Eurico (PE) e os outros deputados presentes, haja vista que, a apresentadora Xuxa Meneghel só respondeu com o famoso gesto do coraçãozinho <3. O pastor relembrou o famoso filme pornô contracenado por Xuxa, fazendo menção a contrariedade da presença dela ali para discutir a proteção da criança e do adolescente. “Essa conhecida rainha dos baixinhos que no ano de 82 provocou a maior violência contra as crianças em filme pornô", afirmou o deputado durante a sessão da CCJ.
     Em mais um  episodio protagonizado por Xuxa encontra-se o direito do esquecimento.


Mas afinal o que é o Direito ao Esquecimento ou ‘right to be let alone’, ou seja, o direito a permanecer sozinho, esquecido, deixado em paz”??

     Presente na esfera do Direito Constitucional, Civil, Penal e  da Filosofia do Direito. O direito ao esquecimento não é um tema novo na doutrina jurídica, mas voltou à pauta de forma mais categórica com a edição do Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal (CJF), em março de 2013. E mais uma vez agora em 2014 com o episodio da Xuxa na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
     Ao influenciar a sociedade como um todo, os meios de informação também atingi o Direito. Por motivo das rápidas transformações provocadas pela tecnologia da informação, hoje a proteção de dados pessoais é uma das formas de proteção mais urgente.Para muitos o direito ao esquecimento é um confisco a memória. O direito ao esquecimento trás para o campo a discussão entre proteção a imagem e da intimidade versus a vedação à censura. Para muitos o direito ao esquecimento é uma ameaça ao direito de imprensa, a liberdade de expressão.
    Em 2010  a apresentadora Xuxa Meneghel entrou em uma batalha judicial com o Google, pedido que o grande site de busca ignorasse as pesquisas em que seu nome era associado a pedofilia. Quando realizado essas pesquisar apareciam as cenas de sexo da apresentadoras com adolescentes no filme “Amor Estranho Amor” contracenado em 1982(filme este mencionado pelo deputado Eurico). Liminar-me com base no direito ao esquecimento Xuxa conseguiu que fosse tirado as milhares de fotos e links relacionados a ela e o filme “Amor Estranho Amor”. Apesar de Xuxa vencer na primeira instancia, em 2012 o STJ decide em favor do Google.
    “O Google não é responsável pelo conteúdo de um site”, explica a advogada Gislaine Lisboa Santos. “Ele apenas localiza os sites, filtra aos usuários a informação e o conteúdo que eles estão procurando. O site que hospeda a informação é que precisa ser notificado, e então retirado do ar, já que para o Google é impossível fazer isso”.
     Contrariamente na União Europeia o google perdeu a lide contra um espanhol: "MADRI – O Tribunal de Justiça da União Europeia acatou nesta terça-feira o pedido de um espanhol que entrou com uma ação que pedia ao Google que apagasse um link que o prejudicava e considerou o buscador responsável pelas informações que divulga. A decisão estabeleceu que o Google é um motor de buscas, mas que além disso trata a informação, e exigiu que em alguns casos apague links divulgados no passado se prejudicarem um cidadão e já não forem pertinentes, mas com a ressalva de que cada caso deve ser analisado separadamente". 

    Vive-se hoje no Brasil uma grande contradição em um mesmo período em que é aprovado o direito ao esquecimento é formada a Comissão Nacional da Verdade. Ora a  memória serve para proteger direitos humanos, outrora o esquecimento é que serve pra proteger a dignidade da pessoa humana..

            Mas o que seria de fato necessário a esquecer? 

   Na mesma semana após o acontecimento na sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara o PSB tira da comissão deputado que hostilizou Xuxa, mas é claro que apresentadora não deve se animar afinal as eleições se aproxima e nenhum partido gostaria de estar com "a moral baixa" com a famosa rainha dos baixinhos. 

“O passado não tem direitos em si, deve ser colocado a serviço do presente, assim como a memória deve manter-se submissa à justiça” (TODOROV, Tzvetan, 2000, p. 19).

Nayara Moraes

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