Post Icon

Um teto todo seu

Virginia Woolf
 
 
“Por menor que fosse, esse pensamento tinha, apesar de tudo, o mistério próprio de sua espécie – de volta à mente, tornou-se imediatamente muito empolgante e digno de atenção; e, conforme zunia, afundava e zanzava para lá e para cá, despertava um aluvião e um tumulto de ideias tal que me era impossível ficar parada. Foi assim que me vi andando extremamente rápido através de um gramado. Na mesma hora a figura de um homem surgiu para me interceptar. Não percebi de pronto que as gesticulações daquele objeto curioso, de fraque e camisa formal, eram dirigidas a mim. O rosto dele expressava horror e indignação. O instinto, em vez da razão, veio me socorrer: ele era um bedel, eu era uma mulher. Aqui era o gramado; ali estava o caminho. Somente os estudantes e os professores eram admitidos aqui; o cascalho era o meu lugar.”
 
Olá Galera, tudo bem?
 
Em tempos de Marcha das Vadias e que feminismo virou assunto nas diversas timelines do facebook, ainda faz sentido a leitura de Virginia Woolf ?
 
Fiquei bastante curiosa com leitura desse livro porque vi muita gente que eu sigo em canais e blogs lendo esse livro nos últimos tempos, acredito que um pouco estimulado pelas meninas do projeto As Bastardas que leram esse livro em fevereiro.
 
Eu estou longe de ser uma especialista sobre o feminismo, mas assim como a maioria das pessoas tenho minhas próprias ideias sobre o assunto e acho importante ler um pouco mais para ter uma posição um pouco mais formada sobre o mesmo.
 
Virginia Woolf foi convidada a dar palestras em duas faculdades femininas nos anos 20 sobre Mulher e Ficção e a partir dos ensaios criados para as palestras surgiu Um teto todo seu.
 
Para discorrer sobre o assunto Virginia cria uma personagem que tenta chegar a uma resposta para esse tema e para isso ela passeia pela Universidade e é impedida de frequentar lugares como a própria biblioteca e o gramado. Ela compara o almoço farto que compartilha com os homens e o jantar apenas satisfatório que esta disponível para as mulheres e começa a pensar sobre a pobreza das mulheres (e entenda pobreza, não só no aspecto financeiro, mas também nele):
 
"De qualquer forma, quando o assunto é controverso - e qualquer questão que envolve sexo é -, não se pode esperar a verdade. Só se pode mostrar como se chegou a ter a opinião que se tem. Só se pode dar ao público a oportunidade de tirar as próprias conclusões ao observar as limitações, os preconceitos, as idiossincrasias do palestrante."
 
Ela faz uma viagem através da história e da condição da mulher ao longo da mesma procurando demonstrar a importância da mulher ter uma independência financeira e Um Teto todo seu para ter a liberdade da criação.
 
"Não se pode pensar direito, amar direito, dormir direito quando não se jantou direito."
 
Outra coisa interessante é quando a Virginia fala sobre a representação da mulher na literatura e das caricaturas que são criadas da mulher, e quando ela procura saber o por quê dessa raiva que os autores parecem sentir.
 
"É por isso que tanto Napoleão quanto Mussolini insistiam tão enfaticamente na inferioridade das mulheres, pois, se elas não são inferiores, eles deixariam de crescer. Isso explica, em parte, a necessidade que as mulheres representam para os homens. E serve para explicar como eles ficam incomodados com as criticas delas..."
 
 
Acho que vale uma leitura atenta e meditada nesse livro para repensarmos um pouco o papel do feminino na sociedade.
 
Essa edição esta muito boa, além da capa lindinha, o livro esta cheio de notas que auxiliam muito na melhor compreensão do texto, o posfácio da Noemi Jaffe também traz consistência para o livro e tem também alguns fragmentos do diário da Virginia.
 
Livro: Um teto todo seu
Autor: Virginia Woolf
Editora: Tordesilhas
Ano: 2014
189 páginas

Agora quero mais Virginia...
 
Por hoje é isso,
 
Até a próxima,
 
Dani Moraes


  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários:

Postar um comentário