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Fahrenheit 451

Ray Bradbury


“ A escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, as filosofias, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas, e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é que conta, o prazer está por toda a parte depois do trabalho. Por que aprende alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas ?”

Oi gente tudo bem ?

Quero começar esse post falando: Que livro incrível !!!!!!!!!!! Esta com certeza entre os melhores do ano.

E  lá vamos nos com minhas histórias com os livros. Eu não sabia nada sobre esse livro. Quando eu era uma adolescente eu adorava a serie que passava no SBT “Tal mãe, tal filha” e a Rory vivia lendo e eu li alguns clássicos da literatura por influencia dela, uma vez, ela estava lendo 1984 e eu falei nossa é o ano em que eu nasci..(confessando a idade) e fui na biblioteca peguei e comecei a ler, então tudo que eu sabia sobre Fahrenheit 451 era que se tratava de um dos três clássicos da distopia junto com 1984 e Admirável Mundo Novo.

Comprei o livro em uma dessas promoções do submarino, quando eu resolvi comprar alguns clássicos. E na capa tinha um livro, parecendo uma bíblia antiga pegando fogo, bom posso dizer que isso chamou a minha atenção. E logo na página de rosto a explicação:

Fahrenheit 451 – a temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima....

Como eu já adiantei trata-se de uma distopia passada em um EUA do futuro, em que os livros foram proibidos e nesse futuro distópico, os bombeiros são responsáveis por queimar qualquer livro que encontrarem e levar o seus donos presos.

Montag um bombeiro, filho de bombeiro, neto de bombeiro que nunca questionou o sistema conhece Clarissa, uma adolescente diferente, ela gosta de conversar, de observar a natureza e a vida e não só agir no automático como toda essa sociedade. Porque nessa sociedade tudo o que interessa é o prazer imediato, para que pensar ? As pessoas são egoístas, infantilizadas e dominada pelos meios de comunicação, especialmente a TV, que com seus “primos” pretende formar um arremedo de família. Essa sociedade fútil e superficial é bem representada através de Mildren, esposa de Montag. Pensar pode fazer você se questionar, duvidar e até se entristecer, esse é um dos motivos pelos livros serem proibidos.

“As pessoas querem ser felizes, não é certo ? Não foi o que você ouviu durante toda a sua vida? Eu quero ser feliz, é o que diz todo mundo.  Bem, elas não o são? Não cuidamos para que sempre estejam em movimento, sempre se divertindo? É para isso que vivemos, não acha? Para o prazer, a excitação?”

“ Cada homem é a imagem do seu semelhante e com isso, todos ficam contentes, pois não há nenhuma montanha que os diminua, contra a qual se avaliar.”

Mas a partir do convívio com essa garota estranha e também por uma inexplicável e irresistível atração que Montag senti pelos livros ele começa a roubar alguns livros sempre que tem oportunidade e passa a lê-los secretamente. E com a ajuda do professor Faber tenta entender o que as misteriosas letras querem dizer.

“Não há nada neles de mágico. A magia esta apenas no que os livros dizem, no modo como confeccionavam um traje para nós, a partir de retalhos do universo.”

A questão que mais me surpreende em distopias é o quanto elas parecem tão  plausíveis e próximas a realidade. Quando o capitão Betty começa a explicar para o Montag como a sociedade chegou a esse ponto, me pareceu tudo tão real. Abreviação nas comunicações, nos estudos e no tempo que se dedica a essas atividades, clássicos diminuídos a uma página em um livro ou a um verbete em um dicionário, as pessoas cada vez mais sem tempo para dedicar a leitura, ao ócio e ao conhecimento como um todo. A influencia predominante e massacrante dos meios de comunicação, cada minoria buscando lutar por representatividade e tentando suprimir tudo aquilo que considera ofensivo. Lembrem-se que esse livro foi escrito em 1953.

“A coisa não veio do governo. Não houve nenhum decreto, nenhuma declaração, nenhuma censura como ponto de partida. Não! A tecnologia,  a exploração das massas e a pressão das minores realizaram a façanha, graças a Deus. Hoje, graças a elas, você pode ficar o tempo todo feliz, você pode ler os quadrinhos, as boas e velhas confissões ou os periódicos profissionais.”

“Se o governo é ineficaz e despótico e ávido por impostos, melhor que seja tudo isso do que as pessoas se preocuparem se ele é ou não.”

“Encha as pessoas com dados incombustíveis, entupa-as tanto com “fatos” que elas se sintam empanturradas, mas absolutamente “brilhantes” quanto a informação.”

Aproveitei também para a assistir ao filme de 1966 do Fraçois Truffaut. Ele foi razoavelmente fiel ao livro, ele suprimiu o personagem do Professor Faber e fez uma junção com a Clarissa, que passa a ser mais velha e ter 21 anos e algumas das coisas que Faber faz por Montag no livro, no filme essa função é delegada a Clarissa. Sei que é comum fazer a junção de personagens, mas não gostei, gosto da figura do professor Faber e também o Truffaut perdeu a chance de materializar o aparelho criado pelo professor que seria muito parecido com uma escuta de hoje em dia. Também fiquei imaginando a cena de perseguição que no livro me foi tão forte, pensei que iriam explora-la a exaustão, mas me enganei a cena foi rápida e pouco impactante. Agora o que eu mais senti falta foi do Sabujo, toda vez que, o sabujo aparecia no livro eu ficava assustada e apreensiva e queria muito ver no filme.

No final o Truffaut também trocou os livros que o Montag leu, provavelmente escolhendo os livros de sua preferência, sei lá, foi legal Montag ser Edgar Alan Poe, mas na minha opinião ele ser Eclesiastes é muito mais significativo:

“Ó suprema fugacidade, diz Coélet, ó suprema fugacidade! Tudo é fugaz! Que proveito tira o homem de todo o trabalho como que se fadiga debaixo do sol ?”
(Eclesiastes 1, 2-3)

Citando o prof. Faber:  “Os livros servem para nos lembrar o quanto somos estúpidos e tolo”, por isso, sigo lendo-os para nunca esquecer da minha insignificância , tolice e estupidez.

Mais um livro que recomendo muito.

Título: Fahreinheit 451
Autor: Ray Bradbury
Gênero: Distopia
Ano: 2013
Editora: Globo de bolso
Páginas: 248

Por hoje é isso,

Dani Moraes

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