Oi Pessoal segue o primeiro comentário do projeto Machado de Assis.
Essa é a
primeira novela de Machado de Assis e como eu explico post anterior, na
minha proposta inicial eu deveria ter iniciado por ele, mas falhou porque eu
não tinha o livro.
Esse é
um livro pertencente a primeira fase de Machado, considerada como romântica,
mas eu não sei se chamaria esse livro de puramente romântico, uma vez que, eu
não imagino José de Alencar escrevendo isso aqui, embora o livro ainda não
apresente toda aquela complexidade de romance psicológico que caracteriza
Machado dá para perceber que Machado já esta experimentando e conseguimos
distinguir o DNA Machado na obra.
Nesse
livro é narrada a história do Félix (ele é chatoooo) que eu considero como um
protótipo de Bentinho, não tem como não relacionar os ciúmes do Félix e as
crises de Bentinho (quando eu reler Dom Casmurro poderei comentar um pouco mais).
Tem uma descrição dele no livro, na qual temos uma visão melhor de quem é esse
cara:
“Do seu caráter e espírito melhor se conhecerá lendo estas páginas, e
acompanhando o herói por entre as peripécias da singelíssima ação que empreendo
em narrar. Não se trata aqui de um carácter inteiriço, nem de um espírito
lógico e igual a si mesmo; trata-se de um homem complexo, incoerente e
caprichoso, em quem se reuniam opostos elementos, qualidades exclusivas e defeitos
inconciliáveis.”
Só por
essa descrição de Machado dá para perceber que o personagem não tem um plano
único.
Na introdução Machado nos conta que para escrever o livro se inspirou na
seguinte citação de Shakespeare:
“Our doubts are traitors,
And make us lose the good we oft might win,
By fearing to attempt.”
Outra coisa bem interessante que ele conta é: “Não quis fazer um romance de
costumes; tentei o esboço de uma situação e o contraste de dois caracteres; com
esses simples elementos busquei o interesse do livro”. Ele conseguiu.
Deixe-me esboçar um resumo:
Félix é um “bom vivant” que recebeu uma herança sabe-se lá de onde e desde
então deixou de trabalhar e passou a gozar os prazeres da vida. Nunca se
interessou seriamente por nenhuma mulher e mantinha sempre uma “amiga especial”,
porém não pensava em se casar. Ele conhece um cara chamado Viana que é tipo um
parasita social, ta sempre tentando conseguir um convite para festas aqui, um
almoço ali e vai levando a vida e esse Viana tem uma irmã, Livia, que é viúva e
que todos os caras da cidade acham linda e maravilhosa e tudo de bom. No começo
o Félix nem acha ela tudo isso, mas aos poucos vai se apaixonando por ela.
“ Decidam lá os
doutores da escritura qual destes dois amores é melhor, se o que vem de golpe,
se o que invade a passo lento o coração. Eu por mim não sei decidir, ambos são
amores, ambos têm suas energias”.(Machado você é amor.)
O Félix tem um amigo chamado
Menezes que é o oposto dele, vive o amor intensamente, sofre e ele é um
verdadeiro amigo e realmente se importa com o Felix. Parece aquela dualidade
dos personagens masculinos que acontece no a Mão e a Luva, mas o Menezes não é
tão chato e bobão. Na verdade eu gosto do Menezes.
Através de uma citação do livro abaixo dá para entender melhor como os dois amigos pensam. E em matéria de amor Lívia
e Menezes tem opiniões e comportamentos similares, segue uma citação de Félix
falando sobre a atual decepção amorosa do amigo:
Menezes não conhece
outros, continuou Félix. Parece filho daquele astrólogo antigo que, estando a
contemplar os astros, caiu dentro de um poço. Eu sou da opinião da velha, que
apostrofou o astrólogo: “Se não vês o que esta a teus pés, por que indagas do
que está acima de tua cabeça?”
Félix e Lívia vão engatar um
namoro (e isso não é um grande spoiler você percebe no inicio), mas então a
personalidade doentia de Félix aparece e
ele começa a desconfiar que é traído (onde iremos ver isso ?) e daí vai muitas
idas e vindas e você lê o livro se quiser saber mais. Só cabe de dizer que,
além disso, tudo aqui ainda tem um personagem que é tipo o Iago de Otelo.
A atitude da Lívia no final do
livro é bem característica do romantismo.
É isso gente, leiam desculpem as
muitas citações, mas é Machado e eu tenho muitas outras marcações no meu livro.
Você que é fã de Machado realista leia com esse olhar para tentar visualizar
como Machado se tornou o bruxo do Cosme Velho e você que morre de medo do
Machado, aproveita começa por isso aqui que é curtinho e tem 132 páginas, você
não vai se arrepender.
Vou deixar o link para a vídeo
resenha da Patricia Pirota: https://www.youtube.com/watch?v=Nj5NCrv0O4s
E que venha Iaiá Garcia.
Título: Ressurreição
Autor: Machado de Assis
Gênero: Ficcção, Romance
Ano:2008
Editora: Martin Claret
Páginas: 132
Daniela Moraes
Autor: Machado de Assis
Gênero: Ficcção, Romance
Ano:2008
Editora: Martin Claret
Páginas: 132
Daniela Moraes
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